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Mari Rodrigues

Vamos falar sobre credibilidade e confiança?

ECOA

29/02/2020 04h00

Conversando com um amigo, fiquei pensando sobre algumas coisas que parecem básicas mas não são tanto assim. Quando expressamos nossos sentimentos, nosso lado mais profundo, fica a impressão de que o outro lado precisa se interessar em ouvir o que temos a dizer. É a credibilidade que botamos na pessoa que vai nos ouvir que define o quanto vamos nos abrir na conversa.

O que é credibilidade? É a qualidade de ser confiável. E aí entramos no ponto alto da discussão que quero abrir: só falamos abertamente com quem temos confiança. Isso nos ajuda a filtrar melhor o que estamos falando e para quem, e nos freia de falar qualquer coisa a qualquer pessoa, indiscriminadamente.

Como se constrói uma confiança? Há pessoas que só de olhar já parecem confiáveis? O que determina a credibilidade dessa pessoa? São perguntas que só conseguimos responder dentro dos nossos corações. Cada pessoa tem seu referencial de confiança e cada pessoa sabe o que espera do outro.

Os usos que as pessoas fazem de seu nível de confiança geralmente são bons. Elas viram grandes amigas e confidentes: o outro sabe que algum segredo estará bem guardado. Mas há pessoas que manipulam essa confiança e a usam em proveito próprio, em detrimento da pessoa que confiou nela. Golpistas sabem muito bem como abusar da confiança dos outros e espero que paguem por isso.

E o que a diversidade tem a ver com todo esse seu papo, Mari? Explico: desenvolver confiança no meio é bastante difícil. Saímos de um ambiente de aparente fraternidade para um ambiente tóxico de medo e de desconfiança. E se não criamos a confiança nas pessoas que são nossas aliadas, é difícil criar uma rede de apoio consistente para nos fortalecer nesse ambiente.

Na semana passada, falei sobre amizade, e amizade também pressupõe confiança, pois é essa credibilidade que vai fazer com que as pessoas sejam nossas amigas ou não, e assim, todos ficam mais fortes para enfrentar a hostilidade dentro e fora do nosso lugar.

Sobre a autora

Estudante de Letras, Mari Rodrigues participa da Frente de Diversidade Sexual e de Gênero da USP. É apaixonada por comida do norte e por reciprocidade nas relações. Ainda está decidindo o que vai fazer com sua vida.

Sobre o blog

Falar de si e falar de um mundo melhor. Como as experiências pessoais de uma pessoa que já enfrentou tanto por ser quem é podem contribuir para que o mundo seja mais diverso e inclusivo?