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Mari Rodrigues

O que devemos relembrar no Dia da Mulher?

ECOA

07/03/2020 04h00

Eu serei sincera que hoje não sei exatamente sobre o que escrever aqui. Tanto tempo rodeada de mulheres maravilhosas e as palavras são poucas para expressar a gratidão que sinto por cada uma delas ter cruzado a minha vida. Mas vamos tentar entrar no assunto. 8 de março, como todos sabemos, é o Dia Internacional da Mulher. E qual a importância de relembrarmos este dia?

O 8 de março surge como uma revolta de operárias russas por melhores condições de trabalho, e que seria um dos estopins do movimento que levou aquele país ao comunismo. Relembrar o Dia da Mulher significa relembrarmos de nossas lutas diárias por respeito e por independência de nossos corpos. Num contexto global em que a mulher ainda é vista como "apenas" mãe e mão-de-obra gratuita, relembrar que temos vida, sentimentos e opiniões mostra que não vamos nos calar diante das opressões.

Falar da ainda existente disparidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho virou praticamente um lugar-comum. Muito já foi feito, mas parece que ainda temos que lembrar que essa é uma questão que precisa melhorar.

Também já mais do que passou da hora de discutirmos de forma madura e desapaixonada algumas das questões reprodutivas mais importantes para as mulheres, como o direito ao aborto seguro, válido e justo para evitar que mais mulheres pobres morram em clínicas clandestinas, e a flexibilização dos requisitos para se fazer laqueaduras, ainda tão restritas e vinculadas a protocolos machistas e desumanizadores da mulher.

Também devemos discutir ações efetivas para evitar e punir de forma eficaz o estupro. Ouso dizer que o estupro é o único crime injustificável e que escancara o machismo de nossa sociedade, tendo em vista as péssimas relações de poder entre homens e mulheres que se defendem no ato e na discussão e a péssima atuação do Estado no tratamento dos casos, vendo-se muitas vezes a absolvição dos acusados e uma nova violência contra a mulher, com sua culpabilização.

Mais uma vez, acabamos precisando mostrar que nossa força é inquebrável, e que mesmo fazendo tanta coisa ao mesmo tempo, e não sendo reconhecidas na maioria das vezes por tudo isso que fazemos, somos fortes e resistentes.

Sobre a autora

Estudante de Letras, Mari Rodrigues participa da Frente de Diversidade Sexual e de Gênero da USP. É apaixonada por comida do norte e por reciprocidade nas relações. Ainda está decidindo o que vai fazer com sua vida.

Sobre o blog

Falar de si e falar de um mundo melhor. Como as experiências pessoais de uma pessoa que já enfrentou tanto por ser quem é podem contribuir para que o mundo seja mais diverso e inclusivo?