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Mari Rodrigues

A dedicação às nossas ações e a importância das nossas redes de apoio

ECOA

07/12/2019 04h00

Nos últimos tempos, uma série de coisas estão acontecendo. Realizar ações de um coletivo de diversidade é cansativo e trabalhoso. Sobre isso eu quero falar hoje. Sobre a dedicação que nós damos às coisas que fazem os nossos olhos brilharem. No começo, tudo é uma maravilha. Você se empenha e quer fazer muitas coisas com o máximo de pique possível. Só o fato de pensar nas ações que você faz lhe deixa com animação e com felicidade. Só que esse deslumbre do começo sempre tem um final.

E aí chegam as complicações. Às vezes falta tempo, às vezes falta empenho, às vezes falta apoio. E é neste momento em que a gente se desanima, a gente se dá licenças para pensar se estamos no caminho certo. É o ponto de inflexão entre a euforia de fazer tudo com todo o gás e a maturidade de fazer o que é necessário dentro dos seus limites.

Naturalmente, isso é cíclico. Há momentos em que estamos mais eufóricos e há momentos em que estamos mais retraídos. Dosar uma moderação entre estes dois momentos é inteligente e sensato.

Montar redes de resistência também significa montar redes de apoio no meio do caminho. Os apoios que conseguimos são importantes, seja da família, ou dos amigos, ou de colegas de trabalho. É uma rede que vamos criando inconscientemente para nos ajudar em vários momentos, sejam eles bons ou difíceis. Ao longo da vida, vamos conhecendo pessoas e afinando nossas semelhanças e diferenças. Vamos aprendendo sobre quais são as pessoas em quem devemos ou não confiar e vamos tendo surpresas boas e ruins.

Trata-se de uma via de mão dupla. Estas pessoas que nos ajudam e às quais nós ajudamos sabem disso também, assim espero. Numa relação de troca, saber se doar com sensatez e receber com gratidão é possível e viável.

E lembrar disso é importante quando lidamos com coletivos, geralmente formados por pessoas com pensamentos muito díspares, ainda que todos convirjam para um objetivo comum. Lembrar que todos fazem parte de uma rede de apoio que vai nos fazer bem é crucial para o sucesso do coletivo, ainda que as opiniões sejam diferentes e os caminhos não agradem todo mundo.

Sobre a autora

Estudante de Letras, Mari Rodrigues participa da Frente de Diversidade Sexual e de Gênero da USP. É apaixonada por comida do norte e por reciprocidade nas relações. Ainda está decidindo o que vai fazer com sua vida.

Sobre o blog

Falar de si e falar de um mundo melhor. Como as experiências pessoais de uma pessoa que já enfrentou tanto por ser quem é podem contribuir para que o mundo seja mais diverso e inclusivo?